terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ao próximo funcionário de uma qualquer Conservatória a quem se pergunte se poderá fornecer recibo da quantia que se acabou de pagar que venha, com ar de estúpido sabichão que tem um livro enfiado na cabeça enquanto estas estagiáriazinhas não sabem nada do foro, dizer que não é preciso recibo nenhum, marimba-se para a idoneidade e necessidade de ter o cadastro limpo e parte-se para a violência e injúrias.

O Francês e o Cigano

Não se sabe bem porquê, mas surge uma pequena comichão no canto do meu olho direito quando o assunto é aquela-coisa-que-o-governo-francês-está-a-fazer-com-os-ciganos, que é como quem diz, mandá-los todos lá para a terra deles que aqui só estão a estorvar.
Dá-se-me uma comichão terrível e rapidamente alastra do canto do olho direito para o esquerdo, e depois para o nariz e boca, até ter que coçar freneticamente e ter as fussas assim a modos que em chaga. Não se sabe muito bem porquê, mas deve ser do pó ou coisa que o valha, só pode.
Porque qualquer semelhança com as acções tomadas aqui há uns anos por um senhor que agora não me recordo o nome são mera coincidência; primeiro, sanear, depois mandar trabalhar e depois gasear. Como é que se chamava o homem, afinal?

O que cai melhor são as justificações do bem maior, da segurança e da prosperidade que não está a ser alcançada, porque aquela gente vem para cá e não quer trabalhar, só faz estragos e não se integra, e não pode ser. Muito bem, entende-se que há bens maiores que o governo tem que proteger, para segurança do povo. Muito bem, louvável. Pergunto-me se o povo francês também se sente bem com o senhor Le Penn a mandar bitaites racistas a toda a hora nos meios da comunicação social, se também o mandarão lá para a terra dele...

Pois que os ciganos não trabalham, só roubam e não se integram, essa é a justificação, que eu sou o mártir desta pátria e tenho que a proteger do mal. Olha se o governo francês de antigamente se lembrasse de sanear os portugueses que foram para as terras do queijo e do champagne e que viviam em barracas sem condições... Ah não, espera lá, não eram barracas, eram bidonville, que é mais fino, estemos na França, temos que falar bien, e estávamos lá para trabalhar, mesmo que o trabalho seja a limpar a merda que os outros fazem, mas isso não interessa nada, é trabalho como qualquer outro. Já agora, todos os argelinos e pessoal oriental que para lá vive, porque é que não é recambiado para casa? Não? Ah, espera, a força de trabalho não se pode mandar para casa, alors, quem vai trabalhar para nós?Ah, claro como água!

Que me lembre, acho que tive umas aulas de Direito Comunitário na faculdade, acho que agora se chama direito da União Europeia, os senhores que fundaram esta espécie de mini-federação implementaram a liberdade de circulação que quer dizer, mais coisa, menos coisa, que um cidadão da Europa tem a prerrogativa de circular livremente pelo espaço europeu para fazer a sua vida como bem entende, porque afinal, como somos comunidade, gerar riqueza em qualquer dos países é gerar riqueza para todos. Roménia e Bulgária são países da União. Ou já os mandaram embora entretanto e ninguém se apercebeu?

Obviamente que há argumentos do governo francês que têm de ser compreendidos; obviamente que se entende que não se pode estar a dar tudo de mão beijada a pessoas que chegam ao país só para esticar ao sol e nada fazer. Muito bem, tenham, então, políticas de emigração de raiz, ao nível comunitário também, não é quando os emigrantes começam a chatear pô-los a andar dali para fora.

Não fazia mal terem presente os erros que se cometeram ao longo do século XX, nomeadamente dos abusos que se fizeram a vários povos em nome de um líder e de uma causa, que nada tem a ver com os ideais da União, e que têm tendência a repetir-se nas épocas de maior aperto económico. Não fazia mal lembrarem-se que essas atrocidades tiveram sempre origem em pequenas tomadas de posição que, qual bola de neve, tiveram um efeito perverso porque se abriu o precedente.

E o precedente está, definitivamente, aberto.

A Geração do Naperon

Da geração dela sobram os restos mortais com os quais tenta educar os filhos. Sobram as saídas quando há bailarico, dos presentes quando se visita alguém, sobram as bofetadas quando se põem os cotovelos em cima da mesa, os bibelôs e o enxoval, as toalhas de renda e os panos de loiça, mais aqueles bocados de trapo rendilhados que teima em pôr em cima da televisão, sobram as festas de anos que quando não se fazem parecem mal, os dez mandamentos, a virgindade aquando do casamento, sobra o que foi grandioso e glorioso e que agora nada significa nem nada prova.

Coisas do antigamente, que já na altura não faria grande sentido, que já na época parecia parvo a quem se pusesse a pensar minimamente sobre o assunto, mas assim era dantes, quem é que se punha a questionar, fazia-se e pronto, quero lá saber disso, quero é viver a minha vida, o que se usa ou deixa de usar não em interessa, em casa faço o que quiser e ninguém tem nada a ver com isso.

Uma geração perdida nos buracos das rendas e do atoalhados, os jogos de cama e de casa de banho, sem nada para contar, a insistir em existir e a passar os seus valorzinhos obsoletos ao filhos que já não têm os olhos na nuca.

Os maridos ainda mandam, uma mulher obedece sempre, por isso é que isto agora é uma pouca vergonha do pior, elas já fazem o que querem, divorciam-se e voltam a casar, meia dúzia de dias depois já estar a descasar outra vez, já ninguém tem mão nelas, que a mulher cala sempre e dá sempre contas ao marido daquilo que gasta e daquilo que faz, sim porque antes ainda havia respeito, agora as mulheres que saem à noite são umas quaisquer que não se respeitam nem se fazem respeitar, que um jargão linguístico fica sempre bem, já se sabe, alguém solteiro com 30 anos é um mandrião que ninguem quer, uniões de facto são aquelas coisas que agora há para que não haja vínculo a prender ninguém, quando querem descasam, pois, que isto é o fim do mundo, lá dizia a minha avó, não se sai com as amigas quando se tem namorado para sair connosco, os amigos só servem quando não se tem ninguém, e para sair a ver se se arranja marido, quando se tem, eles que vão às suas vidas que não fazem falta já.

Mais todas aquelas miudezas do antes e do que agora já não é, aqueles nojinhos que insistem em mostrar aos outros o que os outros não querem ver, o que é que isso interessa agora, isso agora já não existe, não é do meu tempo, não tem aplicação. Mas ouves e calas na mesma que eu vivi esses tempos, e enquanto estiveres debaixo do meu tecto, fazes o que eu entender e ouves o que eu quiser, que sou tua mãe e exijo respeito.

O dia em que esta geração morrer será o mais feliz da historia da humanidade porque não mais se verá o que eles querem fazer do mundo e os que eles querem é depor as liberdades do indivíduo e implantar a ditadura da moral, em que toda a gente é julgada pelo que faz dentro das quatro paredes de sua casa e trazer de novo o cheiro a mofo e a podridão da infelicidade, da frustração e da raiva por serem uma geração de iletrados comodistas e fora de prazo que não pretendem mais que educar os filhos com grilhetas nos pés.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Laivos de Insanidade

11 ou 12 coisas que se dizem por estes lados com tanta frequência, vá, a toda a hora, de tal maneira que já são prata da casa:

- Mérrrdâââ
- Ó que caralho este
- Foda-se
- Chupistas
- Corja ( maçónica liderada pelo Grão-Mestre Rui Pereira )
- Cão ( como insulto/forma carinhosa, dependendo dos dias )
- Ubi djêzere ( forma assaloiada de ouvi dizer )
- Filhadáputa
- Quéstamerda?
- Fascistas
- Bode ( como insulto, simplesmente)
- Tómêêêê (forma infantil de Toma!)

Qualquer semelhança com calão e asneiras feias é pura coincidência.

Cinema V


Existencialismo.
A natureza humana posta à prova, mostrando que as pessoas são tão podres como sempre se pensou que elas fossem.
E mais uma vez, as mulheres como início do pecado.
Muito bom, mesmo.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Nada a Fazer



Acho este homem ( James Frain ) tremendamente sexy.


Hora de Almoço

Hoje, uma velhota que estava no café, sentada ao meu lado, à hora do almoço, disse que eu era gira.
Mas logo a seguir, começou a queixar-se do peso da idade e que já não via muito bem.

O melhor é não tirar conclusões.
De qualquer espécie.

Sabichona da Horta

Diz ele que agora é tarde de mais, que o que está feito, feito está e que não há remédio, o que é que faço agora, estou perdido, não me devia ter metido nisto, quem me manda ser estúpido, tudo é negro, tudo é dor e sofrimento, é tarde de mais, ela é casada, eu sou o outro, tem uma vida complicada, é tudo complicado, estou perdido, ela usou-me, estou perdido e não é na direcção, é de amor.
Diz ela, pois bem, quem manda, já sabias no que te ias meter, não venhas para cá chorar, ninguém te obrigou a ires meter a foice, literalmente, em seara alheia, não vale a pena estar a dizer o que devias ter feito, isso sabias tu, o que me espanta é que ainda sejas inocente e caias de amores, ou não me digas que nem sequer previste que ela te poderia fazer uma coisa destas, se ela quisesse ficar contigo largava o marido, não te fazia umas festinhas e dizia que era complicado, não te dava esperanças para depois de te esfregar mandar-te à tua vida, como é que não viste isso, como é que podes achar que é tudo puritano como tu, é por isso que és enganado a toda a hora.
Responde ele, mas eu gosto dela, não se escolhe de quem se gosta, gosta-se e pronto, qual Amo-te Teresa, esse vulto do cinema mundial, e tu que sabes destas coisas, aí sentada a mandar bitaites e a cagar sentenças sobre os erros dos outros, nessa altivez arrogante de quem tudo sabe, o que é que tens debaixo das saias, uma bola de cristal, ou lês a sina na testa das pessoas, o que sabes tu, o que viste tu para tudo preveres e tudo saberes, tens um sistema de navegação social incorporado, estas coisas acontecem, não tive culpa, apaixonei-me, fui usado, ela era tudo e nada me deu, continuo perdido, fui enganado e tu ainda fazes tudo parecer pior, como é que podia prever, gosto dela e quando se gosta a visão fica turvada, não me venhas cá dizer que há óculos especiais para apurar a vista nestas coisas, isso não há, pensava que ela largava tudo para ficar comigo, pensava que o amor e as cabanas se vendiam em pack, pensava que o conforto se mandava às urtigas quando o amor aparecia, pois bem me lixei, afinal aquilo que vemos nos filmes não é nada daquilo que é.
Responde ela, de que estavas tu à espera, os amantes não são para casar e ter bebés, vivendo felizes para sempre, os amantes são devaneios para passar o tempo, são a cedência ao impulso de passar um bom bocado, são afloramentos do egoísmo, eu é que sei o que quero e o que quero é ter duas coisas boas, conforto e segurança e aventura e perigo, adrenalina constante, quando chega a altura de escolher, não se escolhe, fica-se com as duas coisas, com os dois, ou as duas, que homens e mulheres aqui são iguais, não há escolhas, amor e cabanas só nos filmes porque os filmes não mostram como as histórias acabam, não há finais felizes aqui, ou há um perpetuar da situação amantícia ou há um tanso que se fode, e normalmente nunca é o gajo do compromisso, é o outro, sempre o outro, que depositou esperanças num pote com furos, e quando torna a olhar, o pote está vazio, são assim as pessoas, é assim a natureza delas, estás a travar uma batalha perdida, quando deus pôs o homem no mundo já sabia que ele não prestava, por isso é que deus pariu o homem, porque não queria uma coisa podre dentro de si.
Replica ele, e o que era suposto eu fazer, já te disse que gosto dela e ela gosta de mim, só não percebo porque é que ela não me escolheu, não percebo o que se passou, parecia tudo perfeito e afinal eu não servia, porquê não sei, não queria ser o outro, mas acabei por ser, não queria, mas foi, não percebo como é que devia ter visto isto, não percebo que mal tem uma pessoa gostar de outra e porque é que tudo tem de ser complicado.
Replica ela que se ele queria simplicidade que fosse procurar uma pessoa simples e de preferência sem apêndices de compromisso, que as pessoas que têm esse tipo de componente agarrado têm também uma ligeira tendência para fazer pouco, como diria a minha avó, dos outros que se chegam perto para sarrafada, que não passa disso mesmo, sarrafada, ou estavas a pensar que ias casar com ela, pois sim, e eu sou o Primeiro Ministro, já se estava mesmo a ver, chegavas lá e era tudo teu, não quando ela pode ter o melhor de dois mundos, isso é que ela doce, esquece, já foste, faz por esquecer, faz por aprender, que mais destas virão, podes ter a certeza, que vão testar a tua memória, se passares no exame, pode ser que te safes da próxima, que sim, vai haver próxima, o instinto da caça nunca se desvanece por mais que os séculos tragam evolução, seremos sempre animais cobertos de pêlo e peles com lanças na mão a perseguir o animal mais fraco.
Pergunta ele o que é que ela sabe disto, o que é que percebes, que conclusões são essas, de onde vem isso, sabichona de merda que tu me saíste, só dogmas e verdades distorcidas, então e o amor, o que é que tu sabes.
O suficiente, responde ela.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Requerimento

Exmo. Senhor (ou Senhora, pois) Juiz de (um qualquer) Direito,
Diligentia, mini-mandatária em diversos processos e que faz diariamente muitos actos processuais e que leva constantemente com os despachos e outros demais actos que emanam dos órgãos de soberania que administram a justiça em nome do Povo, vem requerer a V.Exa. que se digne a escrever as sentenças em formato electrónico, como já vem sendo hábito de há uns anos para cá, desde que se informatizaram os tribunais, em vez de escrivinhar uns rabiscos numa folha a que dá o nome de sentença, ou despacho ou outra coisa qualquer, que agora as nomenclaturas não vêm ao caso, há tantas para tanta coisa, aquilo que uma pessoa aprende na faculdade nunca chega para alcançar a prática. Rabiscos esses que, salvo o devido respeito, meretíssimo, são ininteligíveis, sendo certo que a única palavra que se consegue ler é o costumeiro 'Notifique'; mas notifique de quê, alma do senhor, se o resto que está para trás não se percebe? Ainda bem que V.Exa. sabe usar as mãos para escrever e que não se rendeu por completo às novas tecnologias, tanto que já esqueceu a velha guarda, mas não tanto que se borrife nos outros, a ralé que só sabe chatear V.Exa., pobrezinha, que nem consegue ler o que foi escrito a despachar esta merda que tenho outras coisas para fazer. Tende piedade das almas pobres, não escreva de maneira perceptível só a parte "notificatória", sob pena de a parte que não aproveita do seu despacho ou sentença ir aborrecê-lo mortalmente com pedidos de esclarecimento e reclamações, o que é extremamente aborrecido, que V.Exa. terá mais que fazer e os mandatários também.

E.D.

Nonsense Talking

- Estou?
- Estou sim? Fala do cabeleireiro?
- Fala sim.
- Boa tarde. Queria marcar uma hora, para sábado, está disponível?
- Estou, sim. E era para quê?
- Para quê o quê?
- O que é que vem fazer?
- Cortar o cabelo.
- Pois.

Conclusão Brilhante / Teoria


Como é que as pessoas hão-de ter sucesso nas suas empresas, e não, não é empresas no termo de sociedade comercial, por quotas, por acções, em comandita e todas as espécies existentes, é empresa no sentido de empreendimento, cometimento e ousadia, para que não haja confusão que a língua é um monstro de muitas cabeças e em todas as relações sociais diversas nas quais estão envolvidas se não conseguem respeitar os mínimos de convivência social como seja respeitar um reles sinal de cedência de prioridade ou carregar na pequena alavanca para fazer sinal de mudança de direcção, conhecido vulgarmente como pisca?
Como é que hão-de ter sucesso no resto das coisas se no mais básico do viver comunitário não conseguem respeitar os outros?
Já se sabe que, no que ao trânisto diz respeito, aquilo que se ensina nas escolas de condução é para nunca mais ser lembrado, é um constante salve-se quem puder, os outros que travem se quiserem, eu, que sou o que melhor sabe conduzir neste bairro, faço o que bem me apetecer, os que andam a respeitar as regras e os sinais são aqueles que acabaram de tirar a carta, ainda estão verdes, daqui a uns meses já fazem merda como todos os outros.
Assim é.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

'Goberno? Mas quem é falou no Goberno?!'



Há que tempos que me andava a lembrar deste sketch.
Do melhor dos Gato Fedorento.

Coisas da Estupidez

Ai que nada tenho para fazer, ai que chatice, ai que maçada.

O mal do Estúpido é que se põe a despachar o trabalho, a pensar que é um Estúpido muito eficiente, quando no fim o resultado prático disso é nada para fazer.

Bonito, não?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

2 em 1


Este mês, Bona Mater Familias faz 3 anos de existência.
E este é o post nº 1000.
Comemore-se, portanto.
Porque nada dá mais gozo a Diligentia do que escrever, e escrever neste espaço, que é mais do que um cantinho esquecido na web, é um filho literário.

Bullet For My Valentine



Ouviu-se pela primeira vez num programa manhoso de música, numa noite de bar, e foram ficando.
Valem a pena.

Das Manhas de Viver nos Subúrbios

Há uma espécie de regra tácita do bom viver nas áreas mais movimentadas em termos de criminalidade, que é como quem diz, zona suburbana de Lisboa, conhecida como linha de Sintra: quando alguém com mau aspecto, e leia-se com ar de gandulo que vem roubar o telemóvel assim que se olha para o lado, não vale a pena estar a descrever, toda a gente sabe como são, vem pedir um cigarro, ou tabaco, ou seja o que for que se fume, coisas legais, já se vê, há que ser simpático.
Isso mesmo, simpático. Como se fosse um amigo ou um colega a pedir tabaco, assim se deverá agir quando um mitrinha vem cravar cigarros. Como se fosse a própria mãe a pedir.
Assim, se é um cigarro que é pedido, estende-se o maço para que seja a pessoa a tirar, como sinal de boa educação; se se fuma tabaco de enrolar e o mitra não se importa que o cigarro seja feito com a baba alheia, não fazer cara de esquisito e fazer o cigarro; se pedem tabaco para fazer um cigarro, dar em quantidade suficiente para dois ou três cigarros, sempre simpático. Nada de sorrisos, porém. Se pedirem a carteira, é sinal que o cigarro é só um pretexto, e a simpatia não vale de nada.
Porquê tanta simpatia e cagança com gente que não gosta de trabalhar, gosta é de chatear os outros, de os tratar mal e os roubar de vez em quando?
Simples, muito simples:
Para que decorem a cara de quem lhes fornece cigarros de quando em vez e quando chegar a altura de ir para o gamanço, lembrarem-se que há uma bacana que até é simpática, dá tabaco sem fazer cara feia, baza lá não a esbulhar, se é que os gandins conhecem esta palavra.

Leituras III


Ao ler a obra, percebe-se que o filme está altamente aldrabado, o que não constitui surpresa nenhuma, adaptação ao cinema de um livro que seja fiel à história é coisa que não tem cabimento nenhum, já se sabe.

Mesmo assim, vale a pena frisar que a história é excelente, com muitos pormenores interessantes das andanças políticas na corte do Rei Tirano, com todas as intrigas que se possam imaginar juntas no mesmo sítio, com uma escrita fluente que prende e deixa água na boca.

Uma nova e refrescante visão da vida de Ana Bolena, para quem ainda não sabia o que ela foi realmente.

Très bien!

Rentrée

É bom começar o trabalho com uma boa notícia ( esta ).

Pergunta-se porque se demorou tanto a chegar à conclusão que este senhor deve ter sido, antes de se auto-denominar guarda-redes, proprietário de uma churrascaria...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010



Porque, afinal, parece que é assim.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Alegria na Televisão

Anda por aí um comentador de casos de polícia que só visto. Quer dizer, não é que o senhor em causa seja novidade no que a esta matéria diz respeito, mas é sempre um pasmar ouvi-lo dissertar.

Conhecido nestes lados por Hernâni Ermida, parece que é um senhor quer gosta de ter um espacinho na televisão para falar mal. Ah, então, não era comentar os casos de polícia? Não, isso é só um embuste para prender o telespectador, para dar um ar interessante à coisa, assim sempre se apanham uns tansos que não estavam à espera de ver a coisa e sempre vão ficando, que querem, o programa é mau, mas eu tenho tanto que fazer que não me apetece mexer uma palha, olha mais vale estar a ver isto que a trabalhar, e assim se engana mais um.
Falar mal, portanto, e não fazer um comentário isento, dar um opinião com pés e cabeça, sabe-se lá, uma critica fundada, de pessoa que realmente pensa naquilo que está a dizer. Não, não, nem por isso. Interessa sobretudo falar mal, e falar mal como gente grande, da polícia, do tribunal, do funcionário do tribunal, do juiz, dos advogados, essa corja maldita, e de todos os intervenientes no processo.
Mas fala-se mal porquê? Porque se trabalhou mal, porque não foram diligentes o suficiente, porque deixaram escapar os bandidos?
Também, sem dúvida, português que se preze e não tenha um cometáriozinho a fazer ao sistema judicial não é de , que faca as malas e viver para outro país, que isto aqui não pão para malucos; mas sobretudo, este senhor fala mal, enfurece-se e insurge-se, especial e principalmente, quando o bandido que ele queria que fosse preso e condenado a prisão perpétua, que não mas não faz mal, devia haver, que assim é que eles aprendiam, não pode ser condenado porque não provas! E ele queria metê-lo na pildra porque tem cara de criminoso, e toda a gente lá no bairro dizia que ele fazia asneiras, mas principalmente porque o Correio da Manhã, esse adamastor do jornalismo, diz que ele é culpado, e se o rei dos jornais diz que ele é culpado, há que metê-lo num buraco e nunca mais de lá o deixar sair.

Pois que não há provas para meter um gandim na cadeia, e a justiça, ora porra, respeita as liberdades e direitos do individuo, e não condena ninguem a menos que existam provas plenas de que o tal individuo é mesmo gandim.

Coisa que irrita Hernâni Ermida, pobrezinho. Que queria os suspeitos todos metidos num buraco, existam provas ou não. Oh coitadinho do Hernâni Ermida que não pode ter na cadeia as pessoas que as outras pessoas dizem que são criminosas.
À merda mais o Hernâni Ermida, que só vem à televisão dizer asneiras e encarnar, na perfeição, diga-se, o espírito do Povinho nos ideais de justiça, com todo o respeito pelo senhor Povinho, pelo qual se tem a mais alta das considerações, quem é suspeito de ser gandim vai para a jaula e nunca mais de lá sai, assim é que se educam as crianças.

Coitado do Ermida, que tem um curso de Direito e tudo, para poder falar dos assuntos da justiça, que percebe muito bem aquilo que é o fundamento do sistema penal e que as garantias do arguido existem só para meter os gatunos cá fora, com a ajuda dos advogados, claro está, que esses são uns enviados do demónio, e a gente a trabalhar para esta merda toda.

Obviamente que o sistema não será perfeito; porém, enquanto existirem Ermidas por esse país fora, o mundo jurídico mergulha numa pocilga de comentadores de terceira, que dão a imagem de que isto, afinal, não tem ponta por onde se pegue.

Pergunta-se, afinal, para que foram tantos anos a estudar se quem faz os comentários e faz a justiça nas televisões, senhores!, é quem percebe tanto de justiça e Direito como eu de lagares de azeite.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

The Expendables


Muita porrada, muita acção e efeitos especiais.

Está bonito, sim senhor!

Da Selva Humana

Observar meia dúzia de rapazes adolescentes, por exemplo na praia, é retirar de um acto quotidiano uma grande lição de vida. Mesmo que não pareça.
Homens todos juntos numa praia, o que farão? Claro está que a resposta óbvia de esticar ao sol e torrar, com eventual passeio até à água do mar estará indubitavelmente errada.
O que se faz, de facto, é moche a toda a hora e a um de cada vez para ninguém se sentir ciumento, meter areia dentro dos calções uns dos outros, andar à porrada de vez em quando, galar miúdas que por ali passam, andar sempre com uma garrafinha de óleo de fritar batatas para pôr no rabo, que rabos bronzeados é que é, dizer parvoíces ao pôr do sol, e no fim, antes de ir embora, cavar o maior buraco que se possa fazer para enfiar lá dentro um e enterrá-lo de areia até ao pescoço, e depois voltar a desenterrá-lo para se poderem meter lá todos à vez, que divertido que é, e pelo meio andar à porrada outra vez, há que ter em conta que faz bem à saúde.


Qualquer semelhança com homens adultos é pura coincidência.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Não É Só a Roupa que Está em Saldos ...













Os filmes também.
Há que encher a barriga de cinema, pois então.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Manifesto da Nova Era

Portugal é um país livre desde Abril de 1974. Mais precisamente, desde 25 de Abril de 1974.
Em 1976, entrou em vigor uma Constituição que consagrou e deu corpo aos direitos e liberdades dos cidadãos adquiridos na Revolução de Abril.

Entre esses direitos, encontra-se a liberdade de expressão. Liberdade de expressão que permite aos cidadãos exprimirem-se como lhes apetecer, dizerem o que pensam, denunciarem o que entenderem, dizer as asneiras que quiserem, só tendo de enfrentar quem com elas se sentir ofendido, e mesmo assim, dir-se-ia que é muito duvidoso, a liberdade de expressão e o direito a dizer e escrever o que passa na cabeça de cada um sobrepôr-se-á quase sempre àquilo que mentes maldosas e mesquinhas quiserem ouvir e ler nas palavras ditas e escritas. Um opinião, como tantas outras; vale o que vale.

Liberdade de expressão para todos os cidadãos de plenos direitos. E enquanto não existir sentença de interdição, os direitos existem, a liberdade de expressão permanece, inatacável e inalterável.
Hoje inicia-se uma nova era.

Neste cantinho plantado na blogosfera, tão desconhecido como qualquer outro, a liberdade de expressão existe. E não mais será mitigada ou espezinhada por conveniências ou receio do que os outros possam pensar, não mais será posta de lado por aquilo que os outros possam dela retirar ou ler. Responsável como qualquer outra pessoa pelas palavras proferidas, este não mais será um canto na web onde outros, com intenções menos boas poderão retirar ideias perversas e mesquinhas, porque as palavras serão proferidas tal como a autora as pensa, não mais para agradar a quem quer que seja, não para ofender quem quer que seja, apenas um manifesto dos pensamentos livres num país livre. Esta é uma nova era, onde tudo o que será escrito virá de dentro, não para ofender ou humilhar outros, mas para expressar o que reside cá dentro.
Hoje inicia-se uma nova era. Porque os pensamentos podem ser pesados fardos nos ombros de quem os carrega, têm necessariamente que ter transmitidos, desabafados, transpostos para algum lugar para que não apodreçam uma mente já de si fraca e carregada de nuvens negras. E para esse descarregamento existem os inumeros instrumentos fornecidos pela modernidade, neste caso, este quadradinho de tela negra.

Não existirá qualquer caça às bruxas, ou qualquer cruzada em desfavor de ninguém, as opiniões aqui manifestadas são da inteira responsabilidade da sua autora, que não mais se inibirá de escrever sobre o assunto que lhe aprouver da maneira que lhe aprouver.

Obviamente que já se conseguem ouvir os zunzuns das abelhinhas trabalhadoras, a verem mais uma conspiração a ser montada, a armarem-se até aos dentes porque vem aí um bicho papão. Venha o que vier, o que está escrito supra, continua escrito, e como não foram usadas quaisquer figuras de estilo que requeiram esforços cerebrais por aí além, faça-se sentido com o que está escrito e não mais.

Há uma caixa de comentários pronta a ser usada. O resto, é a liberdade de expressão que o faz.

Hoje inicia-se uma nova era. Aqui, Diligentia escreve o que lhe apetece e passa pela cabeça. Sem satisfações a dar. A ninguém.
Sic.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Mais Um



Mais um que foi lido num ápice, sempre à espera que a pacóvia que serve de protagonista acorde definitivamente para a vida.
Enfim, podia ser pior, de facto.

domingo, 8 de agosto de 2010

Belo Sábado

Graças ao grande J.R., foi descoberto um belo sítio para passar uns belos momentos, um local escondido dos olhares, espero que me paguem a publicidade que a vidinha está má para todos, mas realmente o bar é mesmo bom, é mesmo, Templários, perdido numa ruazinha algures em Lisboa.
É o sítio perfeito, bom ambiente, e muitas pipocas.
E encontrou-se estes meninos, que tocam mesmo muito bem, apesar do nome pouco atractivo. Dão um super espectáculo e ainda por cima são todos giros.
Très bien!

sábado, 7 de agosto de 2010

Triologia Millennium

Ligeira pausa no início destas belas férias para uma palavrinha ou outra sobre esta triologia magnífica que se acabou de ler.

Suspense até ao fim, ao virar de cada página nunca se sabe como vai a história, afinal, desenvolver-se.
Personagens consistentes, reais, palpáveis. Não há o erro fácil de construir personagens boazinhas e saudáveis ou umas muito más e assassinas; ninguém é perfeito, aqui, como as pessoas na vida real, e também não há personagens que tenham sempre a mesma ideia do príncipio ao fim, mudam de ideias, voltam atrás, cometem erros. Podiam ser pessoas na realidade, podiam ser qualquer um daqueles que na terra caminham. Sólido e real, meio romance, meio policial, o mistério adensa-se a cada página lida, faz querer chegar ao fim o mais rápido que se consegue para depois, quando efectivamente o fim acontece, ficar um vazio enorme. Das saudades que a história já deixa, claro.


Lisbeth Salander é, provavelmente, das melhores 'mulheres literárias' que apareceu nos últimos tempos. Tão sã como qualquer pessoa, tão louca como um esquisofrénico paranóide, cativa imediatamente o leitor e faz com que queira levá-lo até ao fim para lhe descobrir todos os segredos. E que não se caia no erro de julgá-la uma coitadinha, um produto da sociedade moderna que a negligenciou; é, sobretudo, uma mulher, conscienciosa e atenta, sobrevivente e justiceira dos homens que odeiam, de facto, todas as mulheres. Dos melhores personagens de sempre, que dá frequentemente vontade de ser como ela.

Como espécie de geek jurídico, a parte no último livro acerca do julgamento é simplesmente brilhante, apesar de ter aquela imagem heróica e romântica, excessivamente americanizado dos advogados destruirem testemunhas em tribunal só com um ar de nazi, mas não deixa de estar muito bom. Um julgamento que começa todo delineado e acaba de forma imprevisível.

Nota máxima.



Stieg Larsson partiu cedo demais.
O último livro, A Rainha no Palácio das Correntes de Ar, deixa mesmo um saborzinho de continuação, e que teria sido pelo menos, um sucesso tremendo e um doce para os olhos.

Um talento inato para a escrita, que trouxe à literatura um novo gosto pelos políciais do século XXI.
Resta homenageá-lo da melhor maneira, lendo o que deixou escrito, uma herança pequena comparada com aquilo que podia ter sido, mas que lhe garantiu a imortalidade.
Stieg Larsson viverá enquanto os livros forem lidos, e isso é o melhor que pode acontecer a um escritor.


Imortalidade nas páginas escritas.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Boas Férias

Chegou o tempo de descanso.
Férias Judiciais, nas quais ninguém no mundo da Judicatura faz um cu, dão direito a dias de descanso.
Feche-se, então, para esticar as perninhas numa praia qualquer.

Língua Porca, Pá!

À procura de uma imagem para ilustrar o post anterior, deu-se com isto:



É preciso fazer comentários?

Pastilhas do Tempo da Outra Senhora


No meus tempo, estas merdinhas traziam sempre 12 pastilhas.
Agora trazem 10 e viva o velho.
E custam o dobro.

Que roubalheira!!!!!!!!!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Humor do Patrono

Chega uma velhota a casa e vê o neto na pouca vergonha com a namorada no sofá da sala.
E diz-lhe:
- Então, mas o que vem a ser isto? Isso é para casar ou é para quê?
E diz o neto:
- É para quê.


A isto se chama alegria no trabalho....

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Porque Ontem Jogou o Benfas

E esta coisinha linda também jogou.
Benza-o deus, que é só saúde...


Pablo Aimar

Pergunto-me...

... se haverá um dia em que possa escrever o que me apetece no meu próprio blog e não haver ninguém que o interprete da forma mais insultuosa, mesquinha e estúpida que conseguir arranjar.
Pergunto-me se voltará a haver dias em que possa escrever o que me der na real gana sem ter que haver alguém à procura de subterfúgios maldosos e acusar-me de propagandear em desfavor de outros.
Pergunto-me se mais algum dia haverá censura no meu pequeno cantinho de escrita demente.

Porque, e ao contrário de que alguns pensam, há tanto mais que fazer do que ocupar o tempo com aquilo que não interessa, se voltarem a existir dias assim, vale a pena ter dedos para os martelar no teclado.

Haja esperança.

Cantemos!



Vi isto ao vivo!

Perdoe-se a fraca qualidade do video, mas é o que há...

Movie


Excelente filme de acção, efeitos especiais brutais, história bem imaginada e criativa.
Nota máxima!

§ Único

Chega.
Acabou.
Já se sabe quem é que manda nesta cruzada e quem a iniciou, quem é a mázona que manda nesta merda toda e quem é que faz tudo o que pode para fazer a vida negra a uns e expulsar outros das hostes.
Rai's partam esta merda toda.
Fartinha de gente vitimizada, demito-me, aqui e agora, de qualquer acção que venha a passar-se.
Fiz a minha parte, não mais se atura gente estúpida.
E agora, siga-se em frente.
Já.

domingo, 1 de agosto de 2010

Last Call to Dead Land

É só ridículo. E triste também, já agora.
São coisas da vida. Contingências. Que não se percebem, todavia inevitavelmente estão lá.
É ridículo.
Triste.
Patético.
Porque é que um simples jantar de amigos tem de dar azo a comentários.
Porque é que quem escolheu voluntariamente sair pelo seu próprio pé tem necessariamente de comentar tal facto. Ou através de outros, não se sabe. Porque é que um jantar tem de ser comentado seja por quem for, é essa a questão essencial.
Porquê?
Faz diferença?
Faz comichão?
Faz ciúmes? Não creio, então se somos todos um bando de não-sei-quê, sei muito bem o quê, mas não interessa, tenciona-se baixar o nível mais abaixo, não vale a pena começar já aqui, não seria ciúme, seria exactamente o quê?
Idiotice?
Sentimento de exclusão de alguma coisa?
E quem foi que se excluiu?
Ah, espera lá, foram os maus, pois, porque não há erros da outra parte, que é vítima e mais não sei o quê.
CHEGA, CARALHO, BASTA!
O que é que interessa que os outros se juntem? Acaso ainda cá consta? Não, pois não, foi embora porque os outros é que são maus e lhe bateram, foi embora porque é impossível haver quem reconheça o erro e peça desculpa, e mais não sei quantas coisas que vieram depois, que só puseram mais lenha na fogueira, sabe deus o que virá. O que interessa que os outros se juntem, que jantem, se comam, que se matem, que se prostituam? O que é que isso pode ter de interessante para quem já cá não está, e já cá não está, tem de ser dito, por iniciativa própria?
Nada, pois não? Faz sentido que seja de outra maneira?Não, pois não?
O que é que pode ser assim tão interessante no ajuntamento de outros? Ah espera lá, foi feito num local público, pois sim... Porque deve ser a primeira vez que se faz convites naquele sítio específico, pois, nunca antes feito, pois... Uau...
Ah, esperem lá, já sei!!!!!!!
O uso da expressão "deixem de fingir de mortos"!! Acertou-se, não?
Pois sim, toda a gente saberá que agora morte, cadáver, tumba, sepultura, cemitério e outros termos relacionados têm que ser, naturalmente, usados para referir alguns cidadãos, ou apenas um. Pois sim, tudo a ver.
Cambada.
Sim, cambada.
Se for preciso, não lhe passa um boi em frente dos olhos quando há indirectas às quais se podia responder, mas quando o aviso nada tem a ver, pumba!, 'bora lá mas é mandar aqui uma farpazinha para saberes que eu percebi a piadinha, que era para mim, que eu bem sei, que eu sei tudo e tudo vejo, não penses que fazes de mim parva, era um ataque, pois.
B A R D A M E R D A, sim?
Ridículo.
Triste.
Patético.
Como é que uma coisa tão simples dá azo a comentários de quem não tem nada a ver. Nem mais que fazer, pergunta-se.
E responde-se.
Dois motivos:
a) há uma farpa cravada no olho de alguém, mais ou menos há um ano e pouco. Seria de esperar quem tem a dita farpa no olho, fizesse alguma coisa para a tirar, mas parece que não. É uma coisa desagradável, que deve ser incomodativa e doer, digo eu, não sei. E essa farpa, ironicamente ou não, veio exactamente de uma ocasião de cemitério, de morte, de tumba. Que uns não compareceram. E a partir daí, começa a farpa a entrar no olhito, pois então. E começa também uma campanha devastadora para purgar a terra das pessoas que lá não estiveram. Tudo começa com isto, e com quem de direito a ser incapaz de confrontar terceiros por causa disto. Pura e simplesmente.
b) toda a gente sabe que a vida depois da faculdade leva cada um para seu lado, é natural, já não nos podemos ver todos os dias, já não podemos conviver tanto como antes, é certo e sabido. Porém, essas coisas levam anos, talvez meses, vá, a serem feitas, demora um bocado para deixar de ver quem connosco conviveu. Então, e o que se pode fazer para que o processo de desagregação seja mais rápido? Faz-se qualquer coisa que ajude a que nos peguemos todos ao estalo por dá cá aquela palha, junta-se mais uns pózinhos de mexeriquices et voilá!, temos o prato pronto. Admitindo que não só por causa da alinea anterior, porque há mais pessoas que não têm farpas nos olhos envolvidas, e tudo, porque isto ser só culpa de um não tem piada nenhuma, o processo da purga tem algures início lá para o fim do curso. E há pessoas que não se querem ver mais umas às outras. Pura e simplesmente.
E resulta nisto.
Assim se faz uma bela coisa daquilo a que antes chamávamos amizade.
Assim se faz uma bela merda daquilo que antes era uma boa coisa.
Por causa de serem estúpidas, mimadas e ressabiadas, temos para o almoço o prato anteriormente citado.
Por causa destas coisinhas, alguma coisa se perdeu e não há volta a dar. Coisa essa que, de vez em quando ainda gosta de agir como se para tal tivesse legitimidade, o que resulta, inevitavelmente, em figura triste para quem assim age.
É pena.
Ridículo.
Triste.
Patético.
Contingências da vida.